quarta-feira, 24 de julho de 2013

Maçonaria e o Rio Grande do Sul!


A influência da maçonaria na Revolução Farroupilha...

O papel da maçonaria na Guerra dos Farrapos ainda é alvo de controvérsia, mas ninguém dúvida de que várias lojas atuaram na mais duradoura revolta contra o império

Bento Gonçalves era um sportsman, o "homem perfeito para toda sorte de exercícios varonis", descreve Alfredo Varela em História da Grande Revolução. Mas a cela estreita e comprida no Forte de São Marcelo, uma ilha-prisão na baía de Todos os Santos, em Salvador, não era o melhor lugar para o encarcerado presidente da República Rio-Grandense exibir seus dotes físicos. A situação mudou quando obteve a licença dos guardas para nadar no mar - ainda que sempre vigiado. E foi nadando que, em 10 de setembro de 1837, ele fugiu de forma cinematográfica da fortaleza, reaparecendo na sua república 60 dias depois.

A articulação que permitiu tal façanha foi, supostamente, obra da maçonaria de Salvador, composta em boa parte pelos liberais responsáveis por lançar, em 1837, a Sabinada, outra das revoltas contra o Império do Brasil entre as décadas de 1820 e 40. Após 175 anos, a participação da ordem na Revolução Farroupilha ainda é um tema polêmico entre os historiadores. Os céticos negam a interferência baseados no fato de que também havia maçons imperiais. A maioria dos pesquisadores, porém, reconhece a influência, mesmo que não decisiva. A própria bandeira do Rio Grande do Sul parece dar seu testemunho, carregada de símbolos da irmandade (veja à pág. 41). Sem falar no herói atlético. O venerável mestre Bento Gonçalves dirigiu a primeira loja maçônica do estado, a Philantropia e Liberdade, em Porto Alegre. Seu nome de guerra na ordem era Sucre, uma referência ao general Antonio José Sucre, líder da libertação latino-americana ao lado de Simón Bolívar, outro maçom.

A fuga do Forte de São Marcelo é um dos episódios da insurreição em que a maçonaria teve papel mais relevante. Preso em outubro de 1836, após a derrota na batalha da Fanfa, Bento Gonçalves foi trancafiado nas infectas celas da Fortaleza de Santa Cruz e depois nas do Forte da Laje, no Rio de Janeiro, de onde tentou fugir em março de 1837. Só não conseguiu porque seu companheiro de cárcere, Pedro Boticário, por gordo que era, ficou entalado nas grades da janela da cela. Cinco meses depois, o general foi transferido para o São Marcelo. Assim que chegou a Salvador, ainda no porto, recebeu a saudação de irmãos maçons e conspiradores liberais. Abatido com a viagem, teria feito pouco caso do encontro. Dias depois, porém, emitiu um pedido de ajuda à loja local Virtude, que logo providenciou uma comissão para visitá-lo periodicamente e deu início ao plano de fuga.

Às 10 horas do dia 10 de setembro, um domingo, o general, então com 48 anos, despiu-se para o banho de mar e pôs-se a nadar - não se sabe se a regalia era fruto da sua notória capacidade de persuasão ou de influência e propinas pagas por companheiros da ordem aos vigias. Teria iniciado o exercício nadando em voltas para distrair a vigilância, mas a dada hora distanciou-se com braçadas frenéticas até atingir um baleeiro de seis remos posicionado por seus cúmplices na baía. Dois escaleres ainda saíram atrás da embarcação, que rapidamente chegou à ilha de Itaparica. O fugitivo raspou a barba para se disfarçar e foi acolhido pelos amigos conspiradores. Em 7 de outubro, após quase um mês escondido, o presidente da República Rio-Grandense embarcou em um navio comercial carregado de farinha rumo ao sul. Aportou em Santa Catarina e cumpriu o resto do trajeto até a província vizinha a cavalo, sempre com o apoio da fraternidade.

Fraude

"De todo o mito que a historiografia maçom criou, a fuga de Bento Gonçalves é o que há de mais real. Existem documentos dentro da ordem que constatam essa articulação", diz a historiadora Eliane Colussi, vice-reitora de graduação da Universidade de Passo Fundo. Especialista na maçonaria oitocentista, ela rejeita a ideia de que a irmandade tenha influenciado decisivamente a revolução. E cita pistas falsas, como a ata da reunião da loja Philantropia e Liberdade, de 18 de setembro de 1835 (difundida na internet), que teria definido as estratégias da tomada de Porto Alegre, a ofensiva inaugural do levante. "A ata é fria", admite Peri Silveira, mestre da loja Bento Gonçalves. Pesquisador em história, mesmo como membro da irmandade, ele se recusa a definir os acontecimentos como uma "revolução maçônica".

Não foi, mas também não se pode negar a participação ampla de seus representantes no lado republicano. Assim como eram maçons líderes da Independência Americana (1776), da Revolução Francesa (1789) e de tantas outras revoluções liberais. Segundo o historiador Morivalde Calvet Fagundes, autor de História da Revolução Farroupilha, a Philantropia e Liberdade foi instalada nos fundos da Sociedade Continentino, "a matriz da revolução nascente", uma agremiação em que os homens se reuniam para discutir literatura, filosofia e, claro, política.

Na sede da sociedade (e da loja), as discussões liberais fervilhavam. Ganhavam corpo diante da insatisfação dos líderes locais com o modelo centralizador da regência imperial, instituída após a renúncia de dom Pedro I, em 1831. Além de gradualmente desmobilizar guarnições militares do sul, o governo central não impunha limites à entrada no Brasil do charque uruguaio e argentino, contrariando os interesses dos produtores rio-grandenses. O descontentamento com essa situação e com o presidente da província, Fernandes Braga, eram expressos na imprensa, em periódicos muitas vezes editados por maçons. A revolta estourou em 1835.

Isso não significa, porém, que a maçonaria, como instituição, tenha se posicionado do lado farroupilha. As atividades da ordem eram incipientes na região e, sobretudo, há o registro de que vários representantes do império, como o general Sebastião Barreto, o marechal Osório e o próprio Duque de Caxias, entre outros, eram maçons. Até o fim da guerra, em 1845, havia nove sedes da fraternidade na província (na frente de batalha, eram montadas lojas itinerantes). Segundo Colussi, algumas simpatizavam com a causa imperialista, como a União Geral, de Rio Grande, e a União e Fraternidade, de São Leopoldo. "No passado, quando se fundava uma loja, ela já tinha uma orientação política. Hoje, a maçonaria proíbe a discussão partidária e religiosa dentro das lojas para não criar a animosidade entre os irmãos", afirma Silveira.

Foram ainda os contatos da irmandade que levaram Giuseppe Garibaldi a se aproximar de Bento Gonçalves e dos farrapos. Fugindo de uma sentença de morte na Itália, ele desembarcou no Brasil e, por meio de amigos em comum (de sua parte, carbonários exilados. Da parte do general, maçons), uniu-se aos rebeldes, embrenhou-se nas batalhas e ajudou a fundar a República Juliana, em Santa Catarina. Mais tarde, ele mesmo seria sagrado como um integrante da ordem.

Tradição

Ao rever o grau de interferência da sociedade secreta nos acontecimentos, é preciso levar em conta que a maçonaria costuma "se apropriar de fatos que não são dela", diz o historiador Moacyr Flores, autor de sete livros sobre a revolução. Outro que não considera seu papel determinante é o historiador José Fachel, professor da Universidade Federal de Pelotas, mas ele identifica as digitais da irmandade em eventos como a assinatura do tratado de paz entre imperiais e republicanos, em 1845. "Na anistia dos farroupilhas, visualizamos claramente acordos em função da maçonaria. Em vez de executar os vencidos, há um processo conciliatório que se dá entre irmãos maçons." Os farrapos garantiram, por exemplo, o direito de indicar o presidente da província. E esse processo permitiu que, na Guerra do Paraguai (1864), os ex-inimigos já lutassem lado a lado. Aliás, a revolta gaúcha serviu como prova de fogo e foi fonte de um grande aprendizado militar para o Exército brasileiro (leia à esq.). A paz selada em 1845 deu sobrevida ao poder imperial e ajudou a definir o Rio Grande do Sul, enfim, como parte do Brasil. A Revolução Farroupilha seria narrada como a grande epopeia gaúcha, e seus líderes, apresentados como heróis. "Sobretudo após 1935, a história da Revolução ajuda a formar a identidade do gaúcho", diz Colussi. O surgimento do movimento tradicionalista, na década de 1940, seria uma consequência disso.


Ataque surpresa

Fevereiro de 1843. Sete mil homens marcham à Fronteira Oeste da província sob as ordens de Luís Alves de Lima e Silva à caça dos farrapos. Com pressa e para ganhar agilidade, o futuro duque de Caxias, em março, deixou em São Gabriel parte da bagagem, a cavalhada e 2 mil homens. Além de precipitar o confronto, o comandante queria 14 mil cavalos dos republicanos espalhados pela fronteira. Foi em vão. Os farrapos escapuliam por caminhos que dominavam e evadiram a manada da região. Caxias teve de ir ao Uruguai comprar montaria. E os inimigos aproveitaram para atacar São Gabriel, em 10 de abril. "O desastre é completo. Toda a cavalhada é recolhida pelos rebeldes", escreve Morivalde Calvet Fagundes.

As táticas de guerrilha fizeram da Revolução Farroupilha o mais longo levante contra o império (1835-1845). As tropas farroupilhas estruturavam-se ou se dissolviam rapidamente e fugiam dos grandes embates. Pretendiam vencer pelo cansaço, atacando pequenos batalhões. O eficiente serviço de correio, inspirado no do conquistador mongol Gêngis Khan, foi decisivo. "O correio tinha prioridade no uso dos cavalos até sobre os generais", diz o coronel Cláudio Bento, presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.

Os oficiais republicanos eram basicamente estancieiros, talhados em lutas para proteger a permeável fronteira local. Em 1839, os rebeldes tinham 6903 membros de cavalaria, 2247 de infantaria e 222 de artilharia. No início, os imperiais lutavam principalmente a pé.
Para Bento, foi com base no comando de Caxias, em 1842, que o governo apostou na cavalaria e descobriu a chave para sufocar os revoltosos.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A Ira de um Anjo...

Provavelmente você nunca deve ter visto um documentário como este. Eu nunca vi entrevistas reais com vítimas de abusos infantis, por isso considero este documentário único. “Child of Rage (A Ira de Um Anjo)” mostra uma linda e encantadora menininha de olhos verdes chamada Beth Thomas. Mas não se engane, a princesinha de rostinho angelical e voz suave guarda um verdadeiro demônio dentro de si. O documentário exibido na rede HBO em 1992 foi compilado a partir de fitas gravadas do Dr. Ken Magid, um psicólogo clínico especializado no tratamento de crianças severamente abusadas. O início do documentário, que pode ser visto no fim do post, é arrepiante e mostra o quanto a linda garotinha estava perturbada:
Dr. Ken: “As pessoas tem medo de voce Beth ?”
Beth: “Sim.”
Dr. Ken: “Seus pais tem medo de você ?”
Beth: “Sim.”
Dr. Ken: “O que você faria com eles ?”
Beth: “Esfaquearia.”
Dr. Ken: “O que você faria com seu irmão ?”
Beth: “O mataria”
Dr. Ken: “Em quem você gostaria de enfiar alfinetes ?”
Beth: “Na mamãe e no papai”
Dr. Ken: “O que você gostaria que acontecessem com eles ?”
Beth: “Que eles morressem”
A mãe de Beth morreu quando ela tinha 1 ano de idade e ela e seu irmão Jonathan foram deixados com o pai. O sádico pai abusou sexualmente de Beth durante os 7 meses seguintes até que os filhos foram tirados de suas mãos por assistentes sociais. Para se ter uma idéia, Jonathan que tinha 7 meses, tinha sua cabeça na parte de trás plana, fato ocasionado por ele ficar o tempo inteiro deitado de costas no berço. O casal de irmãos foram adotados por um casal que não podia ter filhos, mas nenhuma informação sobre os abusos foram passados para os pais adotivos.
No novo lar, Beth começou a ter pesadelos sobre um “homem que caia sobre ela e a machucava com uma parte dele.” Os pais adotivos começaram a desconfiar de que algo estava errado. Beth foi pega várias vezes se masturbando. Em uma delas, ela fez sangrar a própria vagina e teve que ser hospitalizada. Beth começou também a torturar os animais de estimação da família. Enfiava agulhas nos animais e quebrou o pescoço de filhotes de pássaros. Ela também torturava o irmão Jonathan, dava agulhadas nele além de espancá-lo. Sua intenção era clara: Ela queria matá-lo. Muitas vezes ela expressou o desejo de matar a família inteira, incluindo seus pais.
No documentário Beth descreve o abuso que sofreu do seu pai biológico da mesma forma como descreve como molestou seu irmão, fria e calma. Talvez, o aspecto mais perturbador do comportamento de Beth seja a completa falta de remorso e preocupação por suas ações. Durante todo o tempo ela estava consciente de que suas ações eram erradas e dolorosas, mas isso simplesmente não importava para ela. Após os vários incidentes com Beth, seus pais adotivos a levaram a um terapeuta que diagnosticou Beth como sendo um caso grave de “Transtorno de Apego Reativo”. O Transtorno de Apego Reativo é caracterizado pelo desenvolvimento de formas perturbadas e inadequadas de estabelecer relacionamentos, geralmente por causa de uma história de maus tratos. A característica principal do Transtorno de Apego Reativo é uma ligação social perturbada e inadequada, com início aos 5 anos de idade e associada ao recebimento de cuidados amplamente patológicos.
A condição de Beth envolve a completa incapacidade de se relacionar com qualquer ser humano e uma completa falta de empatia, características presentes na psicopatia e sociopatia. Entretanto, essa definição (psicopata) não foi dada em Beth pois na época o termo não podia ser utilizado como diagnóstico em pessoas com menos de 18 anos. Na verdade até hoje existe uma grande discussão em torno do diagnóstico de psicopatia em crianças. Como eu escrevi no último post, existem especialistas que dizem que sim, a psicopatia pode ser diagnosticada em crianças e já a partir dos 3 anos de idade. Já outros são mais reticentes e afirmam que não, uma criança não tem sua personalidade completamente formada, por isso o diagnostico de psicopatia não pode ser dado a crianças.
Psicopata ou não, o comportamento de Beth era tão perverso que em abril de 1989 ela foi tirada de sua casa e internada para tratamento intensivo. Ela foi internada em uma casa especial de tratamento de crianças com transtorno severo de comportamento. No documentário a terapeuta da casa, Connel Watkins, chega a dizer que ela já havia tido sucesso ao tratar de crianças assassinas de apenas 9 anos de idade.
O tratamento imposto a Beth na casa foi bastante rígido e cheio de regras, algo horrível para uma criança como ela que certamente não respeita e não gosta de regras. À noite ela era trancada no quarto para que ela não pudesse sair e ferir outras crianças. Ela deveria pedir permissão para tudo. Desde a ida ao banheiro para fazer xixi até para beber água. Ao longo do tempo estas restrições foram sendo tiradas e o comportamento de Beth parece ter melhorado.
O documentário termina com a aparente recuperação de Beth. Mas não se enganem, eu não engoli totalmente o final do filme. Não estaria a pequena Beth manipulando seus terapeutas ? Não teria os próprios terapeutas mascarado o comportamento de Beth ? No fim do documentário Beth chora ao escutar uma pergunta sobre abuso. Para mim o seu choro sem lágrimas diz muita coisa. Bom, é a minha impressão.
Quanto a Beth, ela cresceu e formou-se em enfermagem e, aparentemente, vive uma vida normal. Viver uma vida normal, porém, não quer dizer que ela deixou de ter um transtorno antissocial. Não estou dizendo que ela é uma psicopata, mas sabemos que a maioria dos psicopatas não matam. Ao contrário, eles usam a manipulação e o carisma para se dar bem na vida. Eles aprendem a imitar emoções, apesar de sua incapacidade para realmente sentí-los, o que faz com que, aos olhos de outras pessoas, pareçam inocentes e normais. Psicopatas são (frequentemente) educados e possuem empregos estáveis. Alguns são tão bons em manipular, que formam famílias e relacionamentos de longo prazo com outras pessoas, sem que elas suspeitem de absolutamente nada.
Um fato interessante com relação a essa história. Em abril de 2000, Connel Watkins, a terapeuta de Beth, conduziu uma sessão de terapia fatal em uma menina de 10 anos chamada Candance Newmaker. A terapia conhecida como “renascimento” culminou na asfixia de Candance. Connel foi condenada a 16 anos de prisão, cumpriu 7 anos e foi libertada em 2008. Ela foi proibida de trabalhar com crianças.






domingo, 21 de julho de 2013

Neurônios e Neurotransmissores



Toda atividade cerebral se dá através da atividade dos neurônios. O neurônio é a célula que compõe o Sistema Nervoso, portanto, é também chamada de Célula Nervosa e a atividade neuronal representa a comunicação entre os neurônios.

A Célula Nervosa é composta de um corpo celular e de finos prolongamentos denominados dendritos, mais curtos e juntos ao corpo celular e axônios, bem mais compridos.

Os dendritos são prolongamentos geralmente muito ramificados e que atuam como receptores de estímulos, funcionando como "antenas" para o neurônio. Os axônios são prolongamentos longos que atuam como condutores dos impulsos nervosos.



Todos os axônios terminam em ramificações chamadas botões terminais. O terminal do axônio é o local onde seu neurônio entra em contato com outros neurônios e/ou outras células (músculares, etc) para transmitir o impulso nervoso.

Os corpos celulares dos neurônios são geralmente encontrados em determinadas áreas do Sistema Nervoso Central (SNC) e nos gânglios nervosos, localizados próximo da coluna vertebral. Os axônios são bastante longos e em feixes formam os nervos, que constituem o Sistema Nervoso Periférico (SNP).

A forma de comunicação entre os neurônios se faz por mediadores químicos e por estímulos elétricos. Os mediadores químicos são denominados neurotransmissores. Os neurotransmissores são sintetizados pelos próprios neurônios e armazenados dentro de vesículas. Essas vesículas concentram-se no terminal axônico e quando os impulsos nervosos chegam a esses terminais os neurotransmissores são liberados. A membrana do terminal que libera os neurotransmissores denomina-se membrana pré-sináptica e a que capta esses neurotransmissores no outro neurônio chama-se membrana pós-sinaptica.

A região onde um neurônio entra em contacto com outro para a passagem do impulso nervoso chama-se sinapse. O contato físico entre os neurônios através da sinapse não existe realmente, pois as estruturas estão próximas mas não se toca (espaço virtual) chamado de fenda sináptica. Os axônios costumam ter muitas ramificações e cada uma delas forma uma sinapse com outros dendritos ou corpos celulares. Estas ramificações são chamadas coletivamente de árvore terminal.
O axônio está envolvido por uma bainha de mielina que é composta de um tipo de gordura, juntamente com uma proteína básica chamada mielina, a qual atua como isolante térmico e facilita a transmissão do impulso nervoso.
Nas sinapses, a transmissão do impulso nervoso de um neurônio para outro se dá às custas de substâncias chamadas neurotransmissores. 



Os neurotransmissores são sintetizados pelos próprios neurônios e armazenados dentro de vesículas.
Essas vesículas se concentram no terminal do axônio e quando os impulsos nervosos elétricos chegam a esses terminais os neurotransmissores são liberados, como se fossem cuspidos na fenda sináptica.
Assim é que a membrana pré-sináptica libera os neurotransmissores para a para a fenda sináptica e, uma vez aí liberados, os neurotransmissores se difundem até a membrana pós-sináptica e ligam-se, reversivelmente, aos neuroreceptores, os quais promovem eventos elétricos.

A comunicação elétrica entre neurônios dispensa mediadores químicos e se dá através da passagem direta de íons por meio das junções abertas. Os canais iônicos ficam acoplados e formas unidades funcionais denominadas conexinas. A transmissão da informação é muito rápida através da eletricidade, porém ela não é tão versátil quanto a neurotransmissão por neurotransmissores. Depois da maturidade do Sistema Nervoso Central predominam as neurotransmissões químicas.

Esses conhecimentos foram fundamentais para a pesquisa de produtos capazes de agir em transtornos psiquiátricos. Os antidepressivos, por exemplo, agem principalmente junto aos neurotransmissores serotonina, noradrenalina e dopamina.

Fonte: http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=290, Material de Neuropsicologia - Paulo Bregolin

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Diferenças e semelhanças entre Esquizofrenia e Transtorno Bipolar

As descrições da esquizofrenia e do transtorno bipolar (TBH) enquanto doenças mentais datam da mesma época. No final do século XIX, o psiquiatra alemão Emil Kraepelin observou que pacientes até então tratados sob a mesma condição tinham sintomas e evoluções diferentes, permitindo que fossem separados em dois grupos. O primeiro ele chamou de doença maníaco-depressiva (atualmente chamada de transtorno bipolar) e o outro de demência precoce (depois denominada por Bleuler de esquizofrenia). Para Kraepelin, a diferença fundamental entre os dois diagnósticos era que os pacientes com TBH apresentavam uma melhor evolução, com a remissão total dos sintomas e a retomada de suas atividades entre as crises, enquanto que esquizofrênicos mantinham sintomas residuais mesmo nos intervalos das crises, caracterizados principalmente por sintomas negativos, como a perda do interesse, a desmotivação, a apatia e as dificuldades de socialização e relacionamento. Esta diferença era mais marcante naquela época, em que tratamentos medicamentosos ainda não estavam disponíveis.
Com o advento do lítio e dos primeiros antipsicóticos na década de 50, a distância entre o TBH e a esquizofrenia diminuiu substancialmente, a ponto de casos de TBH serem confundidos com esquizofrenia e vice-versa. A resposta à medicação passou a influenciar o diagnóstico, com uma tendência a diagnosticar como bipolares aqueles pacientes que melhor respondessem e que se recuperassem com o tratamento.
A crise aguda do bipolar pode ser semelhante ao surto psicótico de um esquizofrênico, principalmente se também ocorrerem delírios e alucinações, sendo difícil a diferenciação de ambos os diagnósticos nesta fase, o que se torna mais fácil após o período de crise. O bipolar costuma ter uma recuperação melhor e voltar às suas atividades de vida mais rapidamente do que o esquizofrênico, além de não apresentar os sintomas negativos característicos deste último. Os sintomas cognitivos também são menos impactantes no bipolar do que no esquizofrênico.
Embora sintomas de humor, como depressão, euforia, exaltação, raiva e irritabilidade sejam comuns na esquizofrenia, eles são a alteração fundamental do TBH. São as variações do humor que provocam as crises de depressão ou mania e que explicam os principais problemas de comportamento, os delírios e as alucinações dos pacientes bipolares, enquanto o humor, apesar de influenciar o comportamento do esquizofrênico, não é o causador dos principais sintomas da esquizofrenia. Isto fica mais evidente ao final da crise, quando bipolares melhoram dos sintomas com a estabilização do humor e esquizofrênicos permanecem com delírios, alucinações e sintomas negativos, apesar do humor aparentemente melhor.
No TBH, portanto, ocorrem episódios mais claros de humor, como a depressão, a mania (euforia) ou os episódios mistos (mistura de características depressivas com exaltação do humor), enquanto que na esquizofrenia, apesar das alterações de humor, o fio condutor continua sendo as alterações do pensamento e da percepção.
Mas as coincidências entre o TBH e a esquizofrenia não param por aí. Estudos genéticos têm demonstrado que as duas doenças podem ter uma origem comum. Alguns genes de predisposição à esquizofrenia também estão envolvidos na causa do TBH. Já se sabe, há algum tempo, que o TBH é mais comum em familiares de esquizofrênicos. Existiria então uma ligação biológica entre os dois diagnósticos? Estaríamos falando de duas expressões diferentes de uma mesma doença? Os pesquisadores ainda não conseguiram responder a essas questões, mas é possível que haja uma ligação causal comum, com modelos de predisposição semelhantes. Mas as diferenças clínicas e prognósticas (de evolução) são significativas para mantê-los como dois diagnósticos distintos.
Recentemente antipsicóticos de segunda geração, medicações até então específicas para a esquizofrenia, ganharam aprovação para o uso também em pacientes bipolares. As alterações neuroquímicas da esquizofrenia, como o aumento da dopamina e a desregulação da serotonina e do glutamato, também acontecem no TBH. Mas estabilizadores de humor, como o lítio, o ácido valpróico e a carbamazepina, por exemplo, que são eficazes no TBH, não possuem isoladamente efeito na esquizofrenia. Portanto, ainda há muito a ser pesquisado e descoberto nesta área.
Um terceiro diagnóstico, um pouco controverso entre os psiquiatras, aponta para outro transtorno, com características da esquizofrenia e episódios de humor semelhantes ao TBH, como se houvesse uma sobreposição das duas doenças. Estamos falando do transtorno esquizoafetivo, considerado por muitos pesquisadores como parte de um espectro das doenças psicóticas (espectro esquizofrênico), mas que pode representar um continuum entre dois pólos diagnósticos, a esquizofrenia e o TBH. O esquizoafetivo tem um prognóstico melhor do que o esquizofrênico, com menos sintomas negativos, porém pior do que o bipolar. Contudo, na prática, vemos que as possibilidades de recuperação são muito variáveis, independentes do diagnóstico e muito mais pautadas nas qualidades individuais e no ambiente sócio-familiar.


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sábado, 20 de julho de 2013

Primeira postagem...

Criei este blog com intuito de falar sobre vários assuntos, mas pretendo deixar de forma aberta, e aceito sugestões...  Como primeira postagem, farei apenas essa introdução bem básica.


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